Do Correio Web.
Assim como o chefe do Executivo local, especialistas ouvidos pelo Correio avaliam com ressalvas o emprego do equipamento nas ruas. O ex-secretário de Segurança Pública do DF e do Rio de Janeiro Roberto Aguiar condena a aquisição de qualquer armamento por parte do órgão fiscalizador. Para ele, a sociedade só sentirá algum avanço na segurança do trânsito quando as autoridades perceberem que as campanhas educativas têm um efeito avassalador na construção do respeito entre motorista, pedestre e ciclista. Roberto Aguiar citou o exemplo da campanha pelo respeito à faixa de pedestres, em 1996, que contou com grande apelo popular. “Em Brasília, as coisas só começaram a dar certo no trânsito quando as campanhas educativas passaram a ser levadas a sério. Sei da boa intenção dos gestores em colocar essa arma de choque, mas há uma miopia administrativa em não enxergar que, com muito menos, é possível alcançar resultados bem mais significativos”, avaliou Aguiar.
Uma das justificativas apresentadas pela cúpula do Detran para colocar os tasers nas ruas seria a quantidade de agressões registradas contra agentes em serviço. Segundo levantamento do órgão, a cada três dias, dois fiscais são alvos de ataques, principalmente em blitzes. O assessor especial da direção do Detran-DF, Edson Wagner Barroso, explicou que a decisão de usar as armas de choque tem como base vários estudos.
Ele cita resoluções da Organizações das Nações Unidas (ONU), que permitem a utilização dos equipamentos, e pesquisas que comprovam a não letalidade dos impulsos elétricos, mesmo em pessoas com histórico cardíaco, epilepsia, entre outros problemas de saúde. “O taser já foi objeto de estudo pelo Congresso norte-americano, que concluiu não haver risco algum de lesão ou morte. Se você fizer uma pesquisa, com certeza, não vai encontrar no Brasil nenhum registro de óbito por taser. É preferível que o agente, se for extremamente necessário, saque a taser do que um revólver, ou mesmo um cassetete”, defende Edson.
Imagem arranhada
O doutor em segurança de trânsito pela Universidade de Brasília (UnB) David Duarte alerta que a imagem da autarquia pode ficar arranhada. Ele ainda criticou o fato de o governo ter desembolsado US$ 176 mil (R$ 334 mil) para a compra dos equipamentos. “Não vejo razão para a compra de 220 armas, até porque não há 220 agentes simultaneamente nas ruas. É um desperdício. É possível fazer uma abordagem eficiente sem usar esse tipo de expediente. Sem contar que o Detran vai ficar com a imagem ainda mais arranhada, porque com certeza a população não vai receber bem essa ideia”, ressaltou.
Mesmo com inúmeras garantias de que o equipamento não leva à morte, David Duarte chama a atenção para as lesões que podem ser provocadas em motoristas atingidos pela descarga elétrica.
“A pessoa que receber essa descarga pode não morrer pelo choque, mas na queda, ao bater a cabeça no chão. Em relação aos cardiopatas, uma coisa é testar o taser em um cidadão com problemas cardíacos, quando está tranquilo e ciente do que está acontecendo. Outra, é aferir a reação dele quando ele está tomado por forte adrenalina”, comparou.
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