
SINOPSE
Nossa história se inicia pelas representações teatrais ao ar livre, que são realizadas anualmente por todo o território nordestino do Brasil.
O convívio das três raças está muito bem representa pelo BUMBA MEU BOI, também conhecido como BOI BUMBÁ e que trata de uma fábula da época da implantação da pecuária.A história é bem simples: umhomem branco, dono de um boi, vê um homem negro roubar-lhe o animal, com o objetivo de retirar sua língua. Por qual razão? Porque a sua esposa, que está grávida, deseja comer língua de boi. O boi morre ao ter sua língua retirada. Acontece que esse era o boi predileto do patrão. Então, um pajé tenta ressuscitar o animal morto.
Representando a herança indígena, Os CABOCLINHOS, CABOCOLINHOS OU CABOCLOS, tem origem em danças executadas por crianças e jovens tupinambás do sexo masculino, mas hoje é representado por ambos os sexos e foi instrumento fundamental para aproximação dos missionários com os indígenas nordestinos. Como filhos de caboclos ou descendes de índios, participam , usando tangas, cocares, braceletes de penas de perú, brincos feitos de conchas, dentes ou sementes, colares, machadinha, arco-e-flecha, cocares de penas e pintam o corpo com ocre. São ritmados acionando seus arcos-e-flechas ao som de maracas, reco-recos e pífanos e comandados pelo “caboclo velho”, um adulto que é considerado o mestre ou rei.
Criado pelos negros, O MARACATÚ surgiu para manter o rigor da nobreza e os símbolos do poder de uma realeza europeia. Associaram o agregador da unidade social e os preceitos religiosos. Momento de reviver as relações de poder entre senhores e escravos e é carregado pelo complexo religioso de Xangô. Carregam estandartes bordados com fios dourados sobre veludo e cetim, as coroas, espadas, cetros e capas e as damas da corte levando calungas, tudo ao som de instrumentos de percussão.
Seguimos pelo REISADO que remonta do período do Brasil-Colônia e é realizado no natal e se estende até o dia 06 de janeiro do ano seguinte. Seus personagens perpetuam a saga dos Reis Magos que seguem a Estrela Guia até a manjedoura do Deus Menino, inserindo personagens nativos.
As danças e seus ritmos tradicionais vão construindo as raízes culturais da região.
Representando ao mesmo tempo uma dança e uma espécie de luta, a CAPOEIRA surgiu no Nordeste, trazida pelos escravos africanos. Difundiu-se muito depressa em Salvador e um pouco no Recife. A capoeira é dançada ao som do pandeiro, de cantos, do ritmo de palmas, e especialmente do berimbau.Originário da África, esse instrumento compõe-se de um arco de madeira, com cerca de um metro e meio de comprimento, uma corda de metal, feita de arame, uma caixa de ressonância – uma cabaça cortada e amarrada com cordão -, uma cestinha contendo sementes de caxixe, uma vara pequena de madeira para percutir a corda, e uma moeda pesada. Feito um semicírculo, duas pessoas entram na roda e começam a lutar através de gingas, meneios de corpo, rasteiras, golpes e contragolpes rápidos. Há que se ter cuidado, no entanto: alguns golpes de capoeira podem levar à morte.
Conhecida como uma dança de guerra, o XAXADO era a maior diversão entre os cangaceiros, notoriamente pelo bando de LAMPIÃO e tornou-se popular entre todos os bandos. Nunca se tornou dança de salão por ser exclusivamente masculina, pois na época era rara a presença de mulheres no cangaço, de onde se destacou MARIA BONITA e a arma era feita de dama.
O “ciclo junino” possui o auge da representação folclórica nordestina. Nas festas de Santo Antônio (13/06), São João (24/06) e São Pedro (29/06) dança-se a QUADRILHA, realizada ao som da SANFONA, no ritmo do FORRÓ, dançada com pares sob o comando de um chefe que dá comandos para coreografias pré-estabelecidas. Durante as festividades, as pessoas costumam se vestir com tecidos bastante coloridos, as chamadas roupas de matuto: as mulheres, vestindo saias largas, cheias de babados, calçadas com sapatos e meias, enfeitadas com grandes tranças no cabelo que terminam com laços de fita e, por cima, um chapéu de palha; e, os homens, vestindo calças remendadas, camisas coloridas, todos eles enfeitados com bigodes e cavanhaques pintados a carvão, carregando um cachimbo na boca, e também com um chapéu de palha na cabeça. É realizado o “casamento na roça” e as cidades são enfeitadas de bandeirinhas presas nos postes.
Sigamos então ao artesanato nordestino, muito bonito e diversificado. Na região são produzidos diversos tipos de cerâmica (utilitária, decorativa e lúdica); redes e rendas; cestarias; xilogravuras; talhas e esculturas em madeira; trabalhos feitos em couro, pedras, mariscos, chifres, sementes, grãos, fibras, entre tantos outros.
Cabe registrar que a arte de fazer rendas é uma herança que o europeu deixou no Brasil. As noivas costumavam encomendá-las para o enxoval e, os padres, para os seus paramentos. Os pontos das rendas podem ser: carocinho de arroz, meia-lua, flor de goiabeira, traça, caracol, margarida, bico de pato. Como a confecção de rendas é uma atividade corrente no Nordeste, a mulher rendeira passou também a ser uma figura típica da região.
No folclore nordestino encontram-se presentes os poetas e trovadores. Mediante a proliferação das oficinas tipográficas, a famosa literatura de cordel (os folhetos populares), com as suas capas ilustradas com xilogravuras, é colocada à disposição do público.
Há que se destacarem alguns importantes poetas populares: Catulo da Paixão Cearense (conhecido no País e no exterior), Leandro Gomes de Barros (um dos principais expoentes da arte cordelística brasileira), Antônio Gonçalves da Silva (apelidado Patativa do Assaré, que nasceu e viveu no município de Assaré, no Ceará), o pernambucano José Saturnino dos Santos (conhecido como Andorinha), os paraibanos Sebastião Marinho, Pedro Bandeira (“O Príncipe dos Poetas do Nordeste”) e Zé Limeira (este último, de Taperoá), entre inúmeros talentosos profetas do verso e da viola.
Segue nossa viagem, agora pela culinária nordestina. Rica em saboresé reconhecida mundo afora e compõe grande parte da mesa brasileira. No Maranhão o cuxá-da-roça e o caruru; no Piauí o arroz de capote e pirão de parida; no Ceará a buchada de bode, a caranguejada e o cuscuz de milho; no Rio Grande do Norte o empadão de camarão e o doce de caju; na Paraíba a carne de sol, a rapadura e a tapioca molhada; em Pernambuco a galinha à cabidela e o bolo de rolo; nas Alagoas o “baião de dois”; em Sergipe: a paçoca e a mariscada e na Bahia a tradição da cocada, do vatapá, o acarajé e o abará. Deu água na boca, não?
Nossa saga se conclui com a maior festa cultural do país, o CARNAVAL que também é destaque no nordeste brasileiro. Os blocos de frevo invadem as ruas de capital pernambucana, como o Galo da Madrugada e Olinda têm suas ladeiras históricas ocupadas pelo povo no Bacalhau do Batata e pelos seus bonecos gigantes. Salvador desfila seus blocos oriundos do Afoxé, como os Filhos de Gandhi e os trios elétricos com grandes artistas da Axé Music, herdeiros da inventividade de Dodô e Osmar.
Ouça o Samba Enredo – Carnaval 2014
Confira a letra
AUTORES: LUIZINHO ANDANÇAS, DIEGO NICOLAU, SHEILA FORTES,
MARQUINHOS BEIJA-FLOR, PARÁ E THIAGO DANIEL
INTÉRPRETE: LUIZINHO ANDANÇAS
BUMBA MEU BOI, MEU BOI BUMBÁ
ABRA PASSAGEM PRO TEATRO COMEÇAR
CABOCLO VELHO REINA AO SOM DOS MARACÁS
DANÇAM OS TUPINAMBÁS EM RITUAL
NA PERCUSSÃO VAI SEGUINDO O MARACATU
SOB LINDO CÉU AZUL, NO REISADO LÁ VOU EU
QUERO GINGAR NA RODA DE CAPOEIRA
NO XAXADO, LEVANTAR POEIRA
SOU DO CANGAÇO, DO BANDO DE LAMPIÃO
E DANÇO um FREVO NO COMPASSO DO SERTÃO
“ANARRIÊ”, “CUMPRIMENTÔ”
“CAMIN” DA ROÇA, “ÓI O TÚNI” MEU AMOR
OLHA A CHUVA (ÊÊ) É MENTIRA (AH)
VEM SANFONEIRO ALEGRAR MEU “ARRAIÁ”
ARTE DAS MÃOS QUE GERA “RENDA”
É PALHA E MADEIRA, EM BARRO MOLDOU
EM RICAS PÁGINAS DE UM GLORIOSO CORDEL
CULTURA DE POETA MENESTREL
TEMPERO QUE O MUNDO CONSAGROU
UM FESTIVAL DE AROMA E SABOR
É CARNAVAL, VOU SAIR PRA RUA
CAIR NO “BATATA”, NO “GALO” ME ACABAR
ATRÁS DO TRIO, EU VOU… NÃO ME “AVEXo” NÃO
SOU NORDESTINO DE CORAÇÃO
“OXENTE” MENINO, CHEGUE MAIS PRA CONHECER
O MEU NORDESTE É “ARRETADO” PRA VALER
NAS ASAS DA ÁGUIA, UM VÔO IMPERIAL
Ê TERRA BOA, ESPECIAL!