Lívio di Araújo Presidente da Câmara Legislativa do DF, o deputado Patrício (PT) pretende fortalecer o resgate do Poder Legislativo do DF neste ano e aproximar, ainda mais, a população da cidade com a “Casa do Povo”. Patrício conversou com exclusividade ontem com o Alô, onde falou da expectativa para a volta dos trabalhos da Câmara hoje, de reeleição, governo Agnelo e dos trâmites da Casa: “Não haverá flexibilização neste ano”.
Qual a expectativa para a volta dos trabalhos legislativos a partir de hoje na CLDF?
A melhor. Teremos a volta da companheira Arlete (Sampaio) que é uma deputada importante, que vai somar na bancada. Será um dia de debates, não de votações.
Debate sobre o quê, especificamente?
Para resolvermos algumas questões. Se os blocos continuam, sobre as comissões permanentes da Casa, a questão da Mesa Diretora, se vamos manter a composição atual, em função de termos um bloco que tem dois nomes (Dr. Michel e Olair Francisco) e outro que não tem nenhum (PSD), pois isso fere o Regimento Interno da Câmara. Na semana que vem já teremos as decisões e daremos início aos trabalhos de votação.
Mas não foi bem assim no primeiro ano…
Tivemos uma flexibilização maior. Era o primeiro ano, mudança de cultura. Projetos dos deputados só entraram em votação depois de tramitar pelas comissões, mas do governo, fizemos algumas exceções. Mas neste ano não haverá exceções. O governo teve tempo de se preparar, os secretários estão na pasta há muito tempo, já conhecem o funcionamento da Câmara e do governo. Nós não vamos permitir que um projeto vá a plenário sem que a tramitação pelas comissões seja concluída.
Então, a frase: “A Câmara não é um puxadinho do Buriti” vai valer em 2012?
Claro. Os projetos que abrimos exceção foram poucos. O Orçamento, por exemplo, não havia sido aprovado por este governo, então tinha toda uma situação que cabia à Câmara uma excepcionalidade. A Câmara precisa se impor até para que possa mudar a visão que a sociedade tem dela.
E qual é essa visão? É uma visão deturpada?
Um conjunto de fatores contribuíram para que a população tivesse uma visão negativa sobre a Câmara. Um deles é que a Casa tinha uma cultura de aprovar projetos inconstitucionais. Conseguimos mudar isso. Apenas um projeto foi declarado inconstitucional em 2011. De todas as ações que foram impostas contra a Câmara Legislativa, ganhamos todas, seja do Sindical ou outro órgão. O que mostra que a Casa tem agido com seriedade e que o Judiciário tem respeitado as decisões da Câmara. Temos um código de ética e decoro parlamentar. A imagem do deputado é a imagem da Câmara, então, os 24 deputados têm que ter a sua imagem condizente com a postura de um deputado. E o servidor, não pode achar que os deputados têm prazo para sair da Casa e que a Câmara só existe com os efetivos. Na verdade, a Casa funciona com os servidores efetivos, os de livre provimentos e os deputados. É o conjunto que faz a Câmara Legislativa. Queremos que a sociedade conheça a Câmara.
No ano passado você abriu a Câmara para atividades culturais e evento de moda. Isso trouxe o resultado que o senhor pretendia?
Trouxe. Nós tivemos um aumento de visitantes. Na sede antiga, tínhamos até 2 mil pessoas por mês. Agora já atingimos 8 mil. A ideia é dobrar este número. E para isso é preciso ter atividades. A Câmara precisa estar mais perto da sociedade. Com a TV Distrital de volta, temos convênio firmado para uma parceria com a Câmara e Senado Federal, e vamos ter programas de debate com jovens estudantes e os deputados.
O grupo Adote um Distrital tenta promover um debate parecido com essa sua ideia. Eles (jovens do grupo) têm ajudado?
Quando você é sujeito à críticas, pode corrigir os erros. O Adote um Distrital faz um trabalho essencial de fiscalização. É claro que é preciso se modernizar. O Legislativo não era um poder muito divulgado, as pessoas não conheciam as atribuições de um deputado distrital. É preciso que o Adote Um Distrital entre na Câmara, converse com os deputados e tenha um apostura realmente isenta. E que os mecanismos de fiscalização sejam modernizados. Para isso temos muitos técnicos graduados, pós-graduados, doutores, mestres, que podem ajudar e muito. Nenhum deputado pode se sentir melindrado ao ser avaliado pelo grupo.
Qual será a grande diferença política do primeiro ano para este segundo ano?
O primeiro ano foi de adaptação, de mudança de cultura, de paradigma do Poder Legislativo. Mostrar para a sociedade qual é o trabalho dos deputados, aprovar projetos importantes. Dos 24 deputados, 14 eram de primeiro mandato, era necessária uma adaptação. Neste segundo ano a diferença será grande. Os 24 deputados sabem muito bem o processo legislativo e o que é ser base e ser oposição. Consolidado isso, a mudança é colocar em prática o rumo que mostramos no primeiro ano. Não adianta o Executivo achar que em 2012 vai mandar um projeto e pensar: “Ah, agora a base vai colocar em votação”. Não. A urgência do governo teve vez no primeiro ano. Este ano, a excepcionalidade será uma coisa muito difícil na Casa.
“Ser base e ser oposição”. O senhor, que veio da oposição organizada do PT, acredita mesmo que existe oposição na Câmara hoje?
Existe sim, mas a diferença é justamente essa. O PT é um partido organizado ideologicamente, então tínhamos uma bancada de quatro e, se três tivessem uma posição e um fosse de opinião contrária, ele seria derrotado e teria que seguir os demais. Hoje a oposição existe, mas esses deputados não são organizados. Por exemplo: Celina (Leão), Liliane (Roriz), Eliana (Pedrosa) e Washigton (Mesquita), que estão no PSD… Mas o partido deixou eles livres. São quatro, mas um é da base e as outras três têm perfis diferentes, cada uma age por si.
Como estão as discussões sobre a vaga no Tribunal de Contas do DF? A Câmara vai indicar um deputado? Quem são os postulantes?
Isso é o que mais foi discutido pelos deputados. E eu até estive com a presidente do Tribunal (Anilcéia Machado) em uma reunião na semana passada. Ela disse: “Não sei porque todo mundo quer vir para cá, não é o último bombom da caixa”. Mas vários deputados querem: o Rôney (Nemer), (Dr.) Michel, Eliana (Pedrosa), Wasny. Só não existe nenhuma vaga. A disputa está acirrada, mas pode haver consenso e até candidatura única. Ou até uma surpresa. Eu só tenho uma certeza: eu não sou candidato.
Ao Tribunal, mas e à reeleição como presidente da Câmara?
Também não porque isso não está em discussão. Se vier a discussão, não tenho nenhum problema de fazer o debate. Isso é coisa que tem que ser discutida na bancada do PT, mas quero ouvir o governador. Já conversei com alguns membros do PT. Quando eu vim para ser o presidente, o governador conversou comigo, então quero ouvir a posição dele. Se eu continuar presidente, ficar como deputado ou assumir vaga no governo, é preciso uma discussão sobre isso.
Governo? Você ventila essa hipótese? Já ouve algum convite para o senhor?
Não, nenhum.
Mas e se houver? Você aceitaria ser, por exemplo, secretário de Segurança?
Eu só assumiria a Secretaria de Segurança com uma condição: não ser a “Rainha da Inglaterra”. Na Câmara eu assumi uma posição, inclusive de enfrentamento com blocos partidários. Os próprios deputados do PT reclama de mim…
O senho está dizendo que o secretário de Segurança é uma “Rainha da Inglaterra”?
Sim. O comandante da PM faz uma coisa, o comandante dos Bombeiros faz outra coisa, o diretor da Polícia Civil outra e o diretor do Detran outra. E o secretário de Segurança senta na cadeira e finge que é o secretário de Segurança?! Para fingir que sou eu não vou. Se o governador fizer o convite, e ficar acertado que a PM, Polícia Civil, Bombeiros e Detran fiquem subordinados à Secretaria de Segurança, eu topo.
E nas próximas eleições?
Quero sair como deputado federal. Vai ser uma briga pesada, tenho grandes companheiros que vão sair para a disputa, mas quero sair como federal.
Seu nome já foi especulado para a presidência do PT-DF…
Sim, na última eleição cheguei a discutir com Paulo Tadeu, Wilmar Lacerda, mas achei melhor não levar isso adiante. Mas eu iria tratar o PT com mão de ferro. Militante do PT tem que defender o PT. Deputado do PT tem que defender o PT. Não dá para ficar em cima do muro.
Isso é um recado?
Recado para a militância, para todo mundo do PT, que peguem a bandeira e defendam o partido, o nosso governo. Não adianta falar “eu defendo o governo”, mas na hora de sair para a rua, não vi ninguém defendendo. Eu falo abertamente, muitos falam nos bastidores. Eu investi na eleição deste governo e quero que dê certo.
Coluna Ons e Offs.
Veja mais:
Distrital apresenta emenda que mantém direito do cidadão em pedir cassação de mandato
Sem água, moradores de Ceilândia pagam por ar que sai dos canos
Cinco mil pacientes são prejudicados com desalojamento da cirurgia plástica no HRAN
PM volta a prender crimimoso preso no mês passado em Ceilândia
A Copa Começa Aqui, nossa Capital!
Agora é definitivo: idosos têm direito à gratuidade em todos os assentos no transporte público
Compartilhe isso:
- Clique para compartilhar no Twitter(abre em nova janela)
- Clique para compartilhar no Facebook(abre em nova janela)
- Clique para compartilhar no Pinterest(abre em nova janela)
- Clique para compartilhar no Telegram(abre em nova janela)
- Clique para compartilhar no WhatsApp(abre em nova janela)
- Clique para enviar por e-mail a um amigo(abre em nova janela)
- Clique para imprimir(abre em nova janela)